Prometi a mim mesma que não iria escrever sobre as Olimpíadas Rio 2016, mas diante das últimas manchetes de jornais e dos assuntos abordados pelos telejornais isso tornou-se impossível.
A capa do Jornal O Globo desse domingo (11/10/09) trás a seguinte chamada: “Metade das escolas do Rio não tem quadra de esporte”, porque não dizer: “Escolas do Rio (e isso não se limita apenas ao Rio de Janeiro, que fique bem claro!) não têm professores, não têm bibliotecas, não têm salas de aula adequadas, não têm material didático, crianças não têm material escolar e nem merenda”?!
Aconteceu exatamente o que eu temia: o desvio de foco e a inversão de valores.
É impressionante a capacidade da mídia em esquecer assuntos que realmente são importantes. A situação precária de estudo dos jovens brasileiros não é questionada, mas a falta de “quadra de esporte” é. Veja bem, não estou aqui dizendo que esporte não é importante, claro que é. É importante para a saúde física e mental e isso é indubitável. Porém, o que eu questiono é o fato de que um país que não tem a menor estrutura educacional esteja preocupado exclusivamente com esporte. Não se vê por aí o engajamento de órgãos do governo em melhorar a educação pública e nem em pagar melhor seus professores e sim a preocupação em construir quadras de esporte. Esporte é bom, mas se vier acompanhado de uma educação de base e de qualidade. Ou senão será mais ou menos assim: "Brasil, o país onde todos praticam esportes, mas não sabem ler e não conhecem o significado da palavra cultura”.
Infelizmente, já somos uma sociedade alienada e a tendência com tais medidas é nos alienarmos cada vez mais. Afinal preocupam-se em formar atletas e se esquecem de formar seres pensantes, o que é completamente cômodo para as ações cada vez mais corruptas dos nossos governantes. “Dê a eles um divertimento e tire deles o cérebro ativo, assim não nos questionarão nunca”.
Seria ótimo se as Olimpíadas fossem para todos, mas a realidade clara é que não será. (como tudo nesse país, será para a classe média e alta).
É isso, sediaremos uma Olimpíada, camuflaremos os nossos problemas por um tempo e depois voltaremos ao mesmo estágio de antes. Valores invertidos e a população não se dando conta, afinal, o cérebro ativo lhes foi tirado e eles estavam tão eufóricos comemorando a conquista Olímpica em um circo de Copacabana que nem se deram conta.
Seria essa a volta da política do “Pão e circo”, ou será que ela nunca deixou de existir?
Reproduzo aqui a frase do filme Olga: “Brasil: eu nunca vou entender esse país”.
Texto publicado em: 11 de outubro de 2009
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Crítica
Quebrando uma promessa, mas em prol de uma boa causa...
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