Royalties, Emenda Ibsen e alguns blá blá blás eleitorais



Em ano eleitoral sempre tem que ter algum assunto que movimente os alicerces da situação. Lula já tinha dito que só queria tocar na questão dos royalties depois da eleições. Talvez para evitar que uma polêmica desse nível atrapalhe seus planos e de sua "candidata" Dilma. Mas,independente dos motivos do Presidente, concordo com ele. Também não acho que seja o momento certo.
A perda do dinheiro proveniente dos royalties da maneira como está sendo proposta representaria uma regressão ao progresso econômico do Rio de Janeiro (lembrando sempre que progresso econômico nada tem a ver com progresso social e o Rio é um exemplo disso). Mas, a discussão precisa ser feita sim e ela vai muito além de quem deve ficar ou não ficar com o dinheiro, ela deve se voltar também pra onde vai esse dinheiro, o que é feito com ele e quais as pessoas realmente beneficiadas.
O foco do momento deveria ser a criação de mecanismos que controlassem os recursos de forma mais abrangente e regulassem em quais setores eles seriam aplicados. É mais do que necessário criar um plano de desenvolvimento sério e coerente visando políticas não só econômicas, mas principalmente sociais.
É fato que o dinheiro dos royalties veio acompanhado também de uma crescente corrupção, porém é evidente que tirar o dinheiro dos municípios produtores não é a solução, afinal isso só democratizaria a corrupção uma vez que ela seria estendida a mais municípios com a nova distribuição dos royalties.
Quando vi que teria uma manifestação em defesa do Rio de Janeiro achei interessante. Afinal, é isso que falta no Brasil, pessoas lutando por aquilo que acham certo. Mas aí, mais uma vez, veio o circo. O que era pra ser uma manifestação inteligente, bem estruturada e focada no assunto virou mais um show carioca. Como disse um professor meu de Geografia, foi uma espécie de micarólio, a micareta do petróleo!
Vejo muita gente falando em covardia, mas não acredito que esse seja o termo. Não é covardia, só é uma decisão precipitada, apoiada em argumentos falhos, sem muito sentido no momento e imposta em uma situação onde é dificil saber pra onde ir, afinal em ano eleitoral as coisas nem sempre são o que parecem o que dificulta mais ainda entender quais são as reais intenções daqueles que fizeram a tal emenda.

E hoje houve a apresentação de uma espécie de emenda alternativa a partir da qual as perdas seriam reduzidas. A perda que antes seria de cerca de R$7 bilhões somente no estado e nos municípios do Rio de Janeiro cairia para aproximadamente R$3,1 bilhões.
Não sou nenhuma economista ou comentarista política, por isso não posso fazer nenhuma avaliação profunda. Mas, não é preciso ser especialista no assunto para saber que essa é uma discussão que precisa ser levada a sério e principalmente ser feita com calma e cuidado e não dessa maneira como estão fazendo. Uns se sentindo vítimas, outros protestando sem nem saber ao certo o porquê, outros propondo ações imediatas. Esse é o tipo de mudança que precisa ser gradual e muito bem estruturada.
Uma possivel redistribuição pode ser justa, mas a questão tem que ser avaliada sem esse jogo de interesses eleitorais e visando aquilo que será benéfico para o país como um todo e não para os bolsos ou para as chapas eleitorais de alguns.
P.S Cena mais triste/hilária da discussão toda: o choro comovente de Sérgio Cabral.
É cada coisa que a gente tem que ver nessa vida...




2 comentários:

  1. Eu, particularmente, sou defensor dos nossos royalties cariocas e carrego a bandeira que eles não deveriam sair daqui. Isso seria olhar para o próprio umbigo? Sim, admito. Mas assim como a receita proveniente do nosso maior tesouro, o petróleo, será dividida entre outros Estados, será que o capital gerado pelos tesouros naturais dos Estados alheios também serão divididos conosco?! Mas ainda que sejam divididos, nós continuaremos saindo no prejuízo.
    Talvez essa indignação seja muito mais pelo fato de ver que essa Emenda Ibsen tenha potencial para frear um desenvolvimento que o Rio de Janeiro não via há tempos - economicamente falando - por que socialmente - salvo alguns projetos do governo Eduardo Paes - não tem petróleo, royalties ou Ibsens que mudem nossa realidade, mas sim boas ideias e atitude.

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  2. Rômulo, é como eu disse, a divisão dessa maneira como foi proposta é injusta e absurda e também sou contra. Mas no caso de uma discussão séria e bem formulada pode ser um caso a ser pensado.
    O ponto que você levantou sobre uma "divisão do capital gerado pelos tesouros naturais dos Estados alheios" com o Rio de Janeiro foi um belo questiomento e seria justo diante da divisão dos nossos royalties.
    Vamos ficar de olho no andamento dessa história!

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